domingo, 23 de maio de 2010

Vampiros e Cinema.

Apesar de não escrever a um tempinho aqui, esse materia é de um Mestre do BOCA do Inferno que vale a pena postar conferir.

VAMPIROS NO CINEMA. POR JOÃO PIRES NETO.


Provavelmente não passou pela cabeça do irlandês Bram Stoker que o seu Drácula influenciaria tanto e por tanto tempo a cultura e o comportamento dos jovens ao redor do mundo. Stocker não inventou o mito do vampirismo, até por que mito não se inventa. Mas o seu misterioso personagem serviria de inspiração para o cinema, que acabaria desconstruindo, reinventando e popularizando a imagem do vampiro, chegando até aquela que conhecemos hoje.

Vampiros Mudos e em Preto e Branco



Curiosamente, a primeira adaptação de Drácula para os cinemas foi uma versão não autorizada. O cineasta alemão F. W. Murnau não conseguiu entrar em acordo com a família Stocker quanto aos direitos autorais, mas isso não o impediu de lançar em 1922 “Nosferatu - Uma Sinfonia do Horror”. Bastaram algumas alterações, Conde Drácula transformou-se em Conde Orlok e a Inglaterra de 1897 transportou-se para a Bremem alemã de 1938. Entre as sombras e as luzes do expressionismo alemão surgia o primeiro grande vampiro do cinema, interpretado pelo ator Max Schreck. Até hoje, esta versão não oficial e muda de Drácula é considerada uma das mais assustadoras, principalmente pelo visual nada sedutor do Conde: careca, corcunda, com as orelhas e os dentes pontiagudos. Uma diferença interessante entre a concepção visual do vampiro de Murnau e a imagem clássica do personagem são exatamente os dentes. Em vez de caninos, o Conde Orlok apresenta os incisivos salientes. O vampiro, em Nosferatu, é a fiel representação do horror, materializada numa criatura de aparência abominável e sedenta de sangue.

Oito anos depois, já em solo americano, a Universal Pictures daria voz a Drácula e viria a rodar o mais importante filme sobre vampiros já realizado. Esta voz traria o sotaque refinado e aristocrático do ator húngaro Bela Lugosi, que já interpretava o personagem num espetáculo em cartaz na Broadway havia alguns anos. Nascia neste momento o vampiro do modo romântico como seria eternizado pelos cinemas: educado, inteligente e sedutor. A figura do Drácula com sua elegante capa preta, os caninos protuberantes e o olhar perturbador, tornaria referência obrigatória para o gênero, influenciando todas as futuras adaptações do livro de Bram Stoker. O sucesso, de público e de crítica, e a exposição de Bela Lugosi nas várias continuações rodadas pela própria Universal transformaram o ator no primeiro grande ícone do cinema de horror. Associado à imagem do vampiro, personagem e intérprete se fundiram, criando um vínculo confuso que acompanhou a carreira do ator até a sua morte em 1956.

A Universal ficou conhecida por, após o êxito de bilheteria de Drácula, adaptar todos os chamados monstros clássicos, como “Frankenstein”, “A Múmia”, “O Lobisomem”, “O Homem Invisível” e “O Fantasma da Ópera”. Pela primeira vez o gênero fantástico entrava em evidência, tornando-se extremante popular e imortalizando outros nomes, como os dos atores Boris Karloff e Lon Chaney Jr., que juntavam-se a Bela Lugosi no hall dos primeiros ídolos americanos do cinema de horror.















No entanto, a Universal acabou explorando a exaustão o personagem criado por Bram Stoker. Continuações de qualidade duvidosa, inserindo filhos, filhas e noivas para Drácula e ainda crossovers como “A Casa de Drácula”, onde o Conde contracena com o Monstro de Frankenstein e o Lobisomem, acabaram desgastando a imagem do vampiro diante o público, que já não levava a sério as produções do estúdio. Uma última reunião dos monstros clássicos aconteceria na comédia que se tornaria o símbolo da decadência do gênero dentro do estúdio, a paródia caça-níqueis “Abbott e Costello encontram Frankenstein” (1948).

Os Vampiros em Cores da Hammer














Em 1958, a produtora inglesa Hammer adquiriu os direitos para filmagens de Drácula e dos outros célebres personagens de horror da Universal.

O primeiro grande trunfo do estúdio era uma inovação recém criada chamada technicolor. Finalmente o público veria o vermelho extravagante do sangue das pobres vítimas de Drácula. Procurando atrair ainda mais o público masculino, a Hammer não pensou duas vezes e aumentou as doses de erotismo e sensualidade, inserindo lindas mulheres em decotes quase sempre generosos.

Outra vantagem do estúdio britânico era poder contar com a paisagem do velho mundo como cenário. Enquanto os americanos utilizavam cenários artificiais, a Hammer abusava das tomadas externas, mostrando castelos verdadeiros e belas florestas naturais.

Assim como a Universal projetou os astros Bela Lugosi e Boris Karloff, a Hammer imortalizou os atores Christopher Lee como Conde Drácula e Peter Cushing como o caçador de vampiros Dr. Van Helsing. Grande parte do sucesso do novo ciclo de Dráculas do estúdio inglês deve-se a atuação marcante e enigmática de Lee.
Dentre uma dezena de produções vampíricas, quatro se destacam por marcarem um novo começo para a mitologia do personagem: “O Vampiro da Noite” (Horror of Dracula, 1958), “Drácula - O Príncipe das Trevas” (Dracula - Prince of Darkness, 1966), “Drácula - O Perfil Do Diabo” (Dracula Has Risen From the Grave, 1968) e “O Conde Drácula” (Scars of Dracula, 1970).

Mas nem só de Drácula sobreviveram os vampiros da Hammer. O estúdio resolveu adaptar o escritor que segundo os especialistas é a maior influência literária de Bram Stoker, o também irlandês Sheridan LeFanu. Foram três filmes de erotismo ainda mais acentuado, que ficaram conhecidos como a Trilogia Karnstein: “Carmilla, a Vampira de Karnstein” (The Vampire Lovers, 1970), “Luxúria de Vampiros” (Lust For a Vampire, 71) e “As Filhas de Drácula” (Twins of Evil, 71).

Eu Era Um Vampiro Adolescente


Anos 80. Foram-se os hippies. Foi-se a disco music. Foram-se os hormônios a flor da pele dos vampiros da Hammer. O mundo se renova. O cinema entra na era dos efeitos especiais e dos blockbusters. Chega a hora do cinema romper com o personagem de Bram Stoker e criar novos vampiros. Esqueça o passado e o romantismo. Os vampiros vivem no presente. Em vez de castelos, as criaturas estão nas grandes cidades. Podem ser seu vizinho. Em vez de música clássica, a trilha sonora agora é rock and roll. Os vampiros são jovens e bem-humorados.

Três filmes são emblemáticos desta fase, que alguns chamam de terrir: “A Hora do Espanto” (Fright Night, 1985), “Garotos Perdidos” (Lost Boys, 1987) e “Deu a Louca Nos Monstros” (Monster Squad, 1987).



















Vampiros em Crise

Ainda na década de oitenta surge um novo tipo de personagem no cinema: o vampiro atormentado. É o vampiro reflexo do homem moderno: inacabado, repleto de dúvidas e muitas vezes deprimido. Um dos primeiros exemplares desta nova categoria aparece numa produção de 1987, dirigida por uma mulher, a cineasta californiana Kathryn Bigelow. Em síntese “Quando Chega a Escuridão” é um road movie que narra a história de amor dramática entre uma vampira e um rapaz do interior. Outro bom exemplo de vampiros depressivos é a ótima adaptação do romance de Anne Rice, “Entrevista Com Vampiro” (Interview witth a Vampire, 1994). Em tom introspectivo e melancólico, o vampiro Louis (interpretado pelo galã Brad Pitt) conta para um jornalista todas as suas desventuras, desde que foi mordido, 200 anos antes.

Uma produção recente que merece destaque é o sutil “Deixe Ela Entrar” (Låt Den Rätte Komma In, 2008). Esta excelente produção sueca conta o drama da delicada amizade entre dois adolescentes: Oskar, um garoto solitário e esquisito que é frequentemente humilhado na escola e Eli, uma vampira que vive os seus eternos 12 anos de idade.

Retorno aos Clássicos



Com “Drácula, de Bram Stoker” (1992), o cineasta Francis Ford Coppola presta uma grande homenagem ao personagem, rodando um filme cujo roteiro tenta ser fiel ao livro e o visual (cenário, efeitos e cores) se assemelha ao das produções antigas. Seguindo esta mesma perspectiva, é lançado dois anos depois “Frankenstein, de Mary Shelley”, dirigido pelo britânico Kenneth Branagh (1994).




Em 2000, é a vez de Nosferatu ser homenageado com “A Sombra do Vampiro”. Misturando personagens reais e ficção, o filme mostra o set de filmagens da produção de 1922 sendo aterrorizado por um vampiro de verdade. A criatura seria o próprio o ator Max Schreck, interpretado brilhantemente por Willian Dafoe.

Vampiros Armados

Uma tendência da virada do milênio foi armar os vampiros. Seja com automáticas ou com espadas de samurai, como o caso de “Blade – O Caçador de Vampiros” (1998). Wesley Snipes interpreta uma espécie de guerreiro vampiro que caça outros de sua espécie num mundo dominado secretamente por criaturas da noite. A fórmula de realizar um filme de ação onde os personagens centrais são vampiros é repetida na trilogia iniciada com “Anjos da Noite” (2003), que mostra uma guerra secular entre lobisomens e vampiros, que além de seus dons sobrenaturais usam todo tipo de armamento.

Um Vampiro para as Meninas


Eis que surge o mais recente fenômeno vampírico e comercial, a série literária “Crepúsculo”, criada pela escritora americana Stephenie Meyer, cuja adaptação cinematográfica arrastou milhões de adolescentes eufóricas aos cinemas. Edward, o vampiro criado por Meyer, é o sonho de consumo de qualquer garota: bonito, bonzinho, rico e corajoso.

Mas que não nos enganemos, os atores Bela Lugosi e Christopher Lee também foram considerados símbolos sexuais no auge de suas carreiras. Aliás, a ligação entre o vampirismo e a sexualidade sempre existiu, seja no cinema ou na literatura.

Vampiras Lésbicas

Em 1971, o cineasta amalucado Jess Franco rodou uma versão lésbica e semi-erótica de Drácula chamada “Vampyros Lesbos”. Na trama, uma advogada de Istambul é enviada para um castelo para formalizar os documentos de uma herança. O detalhe é que o proprietário do castelo era o próprio Drácula e a herdeira é a bela Condessa Nadine Carody. O esperado acontece, a advogada tem uma noite de amor com a sedutora Condessa e acaba mordida. Dias depois a vítima acorda sem memórias num sanatório, mas recebendo visitas da Condessa em sonhos eróticos.

Outra produção semelhante é a comédia “Matadores de Vampiras Lésbicas” (Lesbian Vampire Killers, 2008), que mostra um pequeno vilarejo rural no interior da Europa que sofre com uma maldição ancestral: há séculos todas as mulheres do local são escravizadas por vampiras lésbicas. Isso até a chegada de dois nerds que só pensam em mulher.

Sem dúvida o filme de vampiros mais infame já produzido é “Jesus Christ Vampire Hunter” (algo como Jesus Cristo, O Caçador de Vampiros), de 2001. Na trama, os vampiros estão dizimando com a população de lésbicas no planeta. Ninguém menos que Jesus Cristo em pessoa desce a Terra para exterminar com os sangue-sugas. O mais insano é que Jesus não usa seus poderes divinos para acabar com os vampiros e sim sua habilidade em Kung Fu!






Vampiros Brasileiros

Ivan Cardoso, o mestre do terrir brasileiro, deixou sua colaboração para o gênero vampiros no cinema. Em 1987, o cineasta rodou o delicioso “As Sete Vampiras”. No roteiro de R.F. Luchetti, a mulher de um botânico é mordida por uma planta carnívora trazida da Amazônia, tornando-se uma vampira.Tempos depois ela cria um espetáculo de horror erótico chamado As Sete Vampiras, enquanto um detetive atrapalhado investiga um série de mortes que acontecem próximas ao local.


Outros Vampiros

Buscando atrair o público negro, os estúdios americanos iniciaram nos anos 70 um movimento que acabou sendo chamado de blacksploitation. Nestes filmes, os protagonistas eram sempre negros, os cenários eram bairros afroamericanos de subúrbio, a trilha sonora abusava do funk e do soul e os vilões eram intencionalmente brancos. “Blácula” (1972) é um grande clássico deste gênero (assim como o posterior “Blackenstein”, versão afro de “Frankenstein”). Na trama, o príncipe nigeriano Mamuwalke é amaldiçoado pelo próprio Conde Drácula, durante uma viagem a Transilvânia em 1780. Quase duzentos anos depois ele acorda em plena Nova York, quando o movimento black está em ebulição. Sim, caros amigos, “Blácula” é o primeiro vampiro negro do cinema. O filme ainda gerou uma sequência em 1972, chamada “Scream Blacula Scream”. Já na década de 80, o diretor Wes Craven (de “A Hora do Pesadelo”) rodou “Um Vampiro no Brooklyn” (1995), uma mal sucedida mistura de comédia, ação e terror, que parodiava o universo blacksploitation. Apesar de estrelado por Eddie Murphy, o filme foi um grande fiasco de público e de crítica.

A mais elogiada sátira ao universo de Drácula foi filmada ainda em 1967, pelo polonês Roman Polanski (de “O Bebê de Rosemary”). Em “A Dança dos Vampiros” (The Fearless Vampire Killers), o professor Abronsius, um especialista em vampiros, e seu covarde ajudante, viajam até a Transilvânia, onde esperam aprender sobre as criaturas e se possível, combatê-las. Evitando o humor mais escrachado, Polanski presta uma brilhante homenagem aos filmes do gênero.


Uma versão poética e um tanto melancólica dos vampiros é apresentada em “Fome de Viver” (The Hunger, 1983). Catherine Deneuve e o camaleão do rock David Bowie interpretam o elegante casal de vampiros Miriam e John. Para manterem-se jovens e belos, eles precisam da energia e do sangue dos seres humanos. O filme esbanja sensualidade e é considerado um dos grandes clássicos do cinema gótico. A trilha sonora conta com a emblemática canção “Bela Lugosi is Dead”, da banda inglesa Bauhaus.

Dois dos nomes mais celebrados do cinema atual, Quentin Tarantino (de “Kill Bill”) e Robert Rodriguez (de “Sin City”) se uniram em 1996 para rodar o cultuado “Um Drink no Inferno”. No filme, dois bandidos (interpretados por George Cloney e o próprio Tarantino) fazem reféns um ex-pastor e seu casal de filhos. Em fuga, eles cruzam a fronteira com o México e acabam numa boate infestada de vampiros. “Um Drink do Inferno” exagera em todos os sentidos: na trilha sonora caprichada, nos personagens curiosos, na ação, nos ótimos diálogos, nas lindas vampiras strippers e no humor pra lá de negro. Um dos filmes mais divertidos dos anos 90.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Stephen King ( O 'king' das Adaptações).

Texto originalmente do site "Cinema com Rapadura", por Leonardo Heffer.


Quem nunca, na adolescência, após pegar o gosto pela literatura, muitas vezes ajudada por páginas de histórias de investigações como as de Agatha Christie ou Sir Conan Doyle, não procurou também os mistérios escritos e descritos nas páginas criadas por Stephen King? Quem nunca passou horas e horas se deliciando com as capas criadas para aqueles contos que, para a tenra idade, são considerados o mais puro e genuíno terror.

Essas sensações, há alguns anos perdidas, voltou a aflorar no dia 15 de novembro de 2009. Neste dia chegou às livrarias a mais nova obra do autor, “Under the Dome”. A história gira em torno do que acontece com as pessoas quando são desconectadas da sociedade onde vivem. Pela temática, provavelmente viraria um bom filme.

Mas o que faz de King um autor tão lido, com mais de 300 milhões de cópias de livros vendidas só nos Estados Unidos? O que o transformou em um fenômeno, inclusive de adaptações cinematográficas, algumas excelentes, outras completamente descartáveis?

Stephen King (sobrenome que anteveria o seu sucesso) nasceu na cidade de Portland, no estado do Maine (principal cenário para suas histórias). Desde pequeno sofreu com o abandono do pai, que saíra para comprar cigarros e nunca mais voltou, deixando esposa e dois filhos para criar em uma situação financeiramente apertada. Situação essa que serviria a inteligência de King no colégio. Quando pequeno, o autor se baseava em filmes que assistia para escrever suas histórias e vender a amigos de classe. Claro, façanha essa que não durou muito tempo. Assim que professores da escola descobriram, obrigaram-no a devolver o dinheiro aos colegas.

Mas as folhas copiadas de roteiros de filmes seriam os primeiros passos para que o pequeno King virasse um jovem escritor. Em 1967, ele conseguiu vender sua primeira história para uma publicação local. Nessa mesma época se formou na faculdade e foi dispensado do exército por motivos de saúde. Com a dispensa, veio o casamento com Tabitha, amiga da universidade e principal fonte de coragem do autor.

A prova disso está na primeira história que viria a se tornar o primeiro livro publicado de King: “Carrie, A Estranha”. Segundo o autor, a história que tratava de uma jovem com poderes psíquicos era um tanto quanto infantil demais para seus padrões e que o destino do manuscrito não seria outro senão a lata de lixo. Mas foi da sarjeta que Tabitha recuperou o texto e deu coragem a King para terminar o projeto, que se tornaria o mais conhecido do autor não só nas páginas, mas também, alguns anos depois, nos cinemas.

Foi o sucesso dirigido pelo então desconhecido Brian de Palma (“Missão Impossível”) que permitiu a King largar o ensino (ele era professor nessa época) para se dedicar à literatura. Os anos seguintes trouxeram livros que se tornaram também filmes. “O Iluminado” (com duas adaptações, a primeira de Stanley Kubrick, em 1980, e a segunda em formato de seriado, lançado em 1997, que no Brasil só ganhou uma versão em vídeo-cassete, ainda não há em DVD), “A Dança da Morte” (lançado em 1994 também em minissérie), “A Zona Morta” (de 1983, dirigido por David Cronenberg), entre outros.

O sucesso veio e teve seu auge, mas King também enfrentou momentos difíceis na vida tanto pessoal como profissional. Sobreviveu ao alcoolismo, que adquiriu no início do casamento e que durou décadas. Nos anos 90, King foi alvo da crítica em relação a suas adaptações. Para tentar reerguer a carreira, a sua editora fechou contrato com produtoras e emissoras de televisão para lançar minisséries filmadas, baseadas em livros escritos por King. A jogada perfeita, já que as adaptações poderiam ser trabalhadas melhor. Entre essas séries surgiram “O Iluminado” (1997), “Tempestade do Século” (1999), “Rose Red” (2002).

Em 1999, um trágico acidente afetou o autor. Enquanto caminhava pela estrada, ele foi atropelado por um carro e jogado para fora da pista, caindo em um barranco de quase 5 metros de altura. Um detalhe curioso é que o autor escrevia, naquela época, a história de um rapaz que morria atropelado por um carro. Mas o destino do criador foi melhor do que o da criatura. King foi levado para o hospital e, mesmo com perfuração no pulmão direito, várias fraturas na perna direita, dilaceração no escalpo e quadril quebrado, sobreviveu. Foram dez operações em 5 dias, fora o tratamento de fisioterapia.

Em decorrência das operações, ele não conseguia passar mais do que quarenta minutos sentado sem que as dores em seu quadril começassem a incomodar. Com o passar dos anos, o tempo de resposta da dor foi diminuindo até que esta se tornasse insuportável. Debilitado, recuperando-se de diversas pneumonias que o atacaram, ainda como sequela do pulmão direito perfurado e sem conseguir sentar sem sentir dor, King optou por anunciar a aposentadoria em 2002.

Ainda assim, a vontade de escrever ainda falava mais alto e o apoio de sua mulher, que também já havia se tornado escritora, o fizera repensar sua decisão de parar com a literatura. O autor voltou à ativa em ainda em 2005 com “Colorado Kid” (sem publicação no Brasil). Ainda escreveria “Celular” (2005), “Love: a História de Lisey” (2006) e “Duma Key” (2008).

Além da literatura, King também é mestre nas adaptações para outro meio de comunicação que atinge basicamente seu público, os adolescentes: os quadrinhos. Em 2005, a Marvel Comics assinou contrato com o autor para adaptar as histórias de “Torre Negra”. Este lançamento já se encontra também aqui no Brasil. Agora, o próprio site do autor divulgou que foi a vez da DC Comics fechar contrato para uma adaptação sobre vampiros, com o nome de “American Vampire”, que deve ser lançado em março de 2010.

E se o mundo dos livros e dos quadrinhos não deu trégua para King, o cinema também não poderia ficar de fora. Mesmo com adaptações fracas como “O Apanhador de Sonhos” (2003), a Sétima Arte ainda honra a história do aclamado mestre do terror. “O Nevoeiro” foi o seu trabalho mais recente, adaptado para o cinema com Thomas Jane no elenco (que já havia participado de “O Apanhador de Sonhos”). “Saco de Ossos” e “Buick 8” estão sendo adaptados. Além disso, uma refilmagem de “Cemitério Maldito” está sendo desenvolvida, assim como “Cujo”. “Torre Negra” também deve chegar aos cinemas, assim como “A Casa Negra” e “Celular”. Então podem aguardar porque ainda vem por aí uma avalanche de Stephen King.

Filmografia(incompleta) de King no cinema:

- Carrie, a Estranha (1976)
- O Iluminado (1980)
- Creepshow (1982)
- Cujo, o Cão Assassino (1983)
- A Hora da Zona Morta (1983)
- Colheita Maldita (1984)
- Chamas da Vingança (1984)
- Olhos de Gato (1984 – apenas um dos 3 episódios do filme é de King)
- A Hora do Lobisomem (1985)
- Comboio do Terror (1985)
- Conta Comigo (1986)
- Show de Horrores (1987 – O episódio “A Balsa” é baseado em texto de Stephen King)
- Cemitério Maldito (1989)
- A Criatura do Cemitério (1990)
- Contos da Escuridão (1990)
- Louca Obsessão (1990)
- O passageiro do Futuro (1992)
- Sonâmbulos (1992)
- A Metade Negra (1993) * EM 1987, ou seja, seis anos antes desse filme, Jose Mojica Marins, fez um filme com roteiro semelhante, com o sugestivo nome de "Exorcismo Negro", ficando a duvida se o bagaceiro diretor/ator leu o conto original, escrito obviamente bem antes do filme, ou foi uma monstruosa coincidência*.
- Trocas Macabras (1993)
- Mangler – O Grito de Terror (1994)
- Um Sonho de Liberdade (1994)
- Eclipse Total (1995)
- A Maldição do Cigano (1996)
- Vôo Noturno (1998)
- O Aprendiz (1998)
- A Espera de Um Milagre (1999)
- Lembranças de Um Verão (2001)
- Apanhador de Sonhos (2003)
- A Janela Secreta (2004)
- Montado na Bala (2005)
- 1408 (2007)
- O Nevoeiro (2007)
- Dolan’s Cadillac (2009).

OBSERVAÇÃO: As partes de textos em negrito são observações do dono do blog, e não estão no texto original de Leonardo Heffer.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MENSAGEIROS ( EUA, 2007).




Produção EUA. Gênero: Terror Oriental. Um filme co-produzido em solo americano, por Sam Raimi e dirigido pelos chineses Oxide Pang Chun e Danny Pang ( os lendários ‘Irmãos Pang’), tinha tudo para ser uma das melhores produções de terror dos últimos anos, contudo, teoria e pratica no ramo do terror quase nunca andam juntas.

O filme conta a historia de uma típica família americana (composta por mamãe, papai, filha adolescente, e filhinho de 04 anos), que resolve sair da cidade grande e compra uma casa no meio do nada por motivos pessoas que envolvem a filha adolescente e o fato de seu irmãozinho ser mudo, ocorre que, nesta mesma casa alguns anos atrás, uma mulher e seus dois filhos: uma garota adolescente e um menino criancinha (coincidências...), foram brutalmente assassinados por algo ou alguém, e seus corpos nunca foram achados, nota-se que como toda boa família americana, os protagonistas nunca perguntam do passado da casa antes de comprá-la. O filme começa a desenvolver quando o garotinho mudo passa a ver e brincar com seus novos amiguinhos do alem, este também é o ponto de partida para o filme tornasse um amontoado de clichês, inclusive dos próprios diretores, só que mal aproveitados. A historia se desenrola de modo fraco e forçado, e a atuação de Kristen Stewart ( sim, ela mesma, antes de ser " a Bela", 'da saga' CRESPUSCULO), consegue a proeza de ser muito ruim ate mesmo para esse tipo de filme. O ponto positivo (talvez o único do filme) fica por conta da atuação do jovem Theodore Turner, o garotinho de 04 anos que pronuncia apenas 02 palavras ao longo do filme inteiro, mas consegue ter uma atuação indiscutivelmente melhor que todo o resto do elenco junto. Para o espectador que curtir leva sustos de fantasmas bem ao estilo do que os diretores gostam de fazer, terá sua diversão garantida, porem, não há nenhuma preocupação com a unidade da historia, e as atuações são fraquíssimas ( nos filmes em mandarim dos irmãos cineastas o roteiro e atuação, sempre foram os pontos fortes), como exemplo da falta de unidade da historia ou roteiro ruim, cito a seqüência próxima ao final, onde descobre – se que os fantasmas apesar de passarem mais da metade do filme apalpando e assustando a protagonista não eram ‘malvados’, e estavam, apenas tentando avisar sobre um grande perigo iminente (o que me leva a conclusão de que os fantasmas eram os piores mímicos da historia do cinema), outro detalhe interessante é que, em determinado momento do filme, alem dos gasparzinhos, uma alvorada de corvos também ataca a família da protagonista, (de fato, a melhor maneira do mundo de você avisar a uma pessoa esta em perigo de vida é tentando mata – lá, ou alguém conhece maneira melhor?). Essas revelações de que os fantasmas no final do filme não são maus, é um clichê usual na filmografia dos irmãos, conduto, como já disse, o roteiro e atuação em trabalhos anteriores fazem ou fizeram a diferença.
Há ainda uma teoria ( minha por assim dizer) de que seriam os corvos o espírito do mestre Hitchcock numa tentativa (frustrada) de melhorar o filme. Eu quero acreditar que não.

Em suma, os Pang´s como uma grande parcela dos diretores asiáticos, demonstraram sofrer da doença “asiatika-sodamerta-em-línglesa”, ou seja, quando tentam reproduzir suas respeitadas produções de terror em língua inglesa, seja por culpa dos executivos ou dos estúdios, ou outra coisa, os cineastas asiáticos parecem ‘emburrecer’ ou ‘desaprender’ a fazer seus próprios filmes. Aos que acham que a doença é invenção desde que vós escreveis, fica a lembrança de Hideo Nakato, diretor japonês consagrado no ramo do terror pela versão original de “RING” (também conhecido como O Chamado). Em 2002 o diretor, quase colocou toda a sua carreira e prestigio em xeque ao dirigir a bomba norte – americana “O CHAMADO 2”... Você ainda tem duvidas do poder da doença?

Eu também choraria se estivesse nesse filme.

A 'Pré-Bela' carregando o responsavel pela melhor atuação do filme.

Antes de Namorar vampiros e lobisomens, Kristen 'cavou muito' pra entender a mimica dos fantasmas do filme.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A MALDIÇÃO DOS MORTOS VIVOS (EUA, 1987).

Diante da Tragédia no Haiti, e de ser talvez esse o filme mais famoso 'ambientado' no País aqui vai a minha homenagem a um dos primeiros filme de terror que vi em toda a minha vida.





Que Wes Craven ate o inicio dos anos 90 foi no minimo um dos 5 maiores diretores de filmes de terror de todos os tempos eu pessoalmente não tenho duvidas. O que poucos sabem é que o diretor também fez o mais "serio" filme de Zumbis. Como se sabe os 'bichinhos' zumbis são famosos por comer cerebros e carne humana em filmes de virus e bacterias apocalipticas, Conduto de forma simploria e banalizada para efeitos desse Blog, o Zumbi do mundo real consiste em rito religioso, muito visto em religiões africanas, em que é possivel, aprisionar ou devolver a alma de uma pessoa já morta, fazendo com que o corpo se mexa mesmo depois de morto.

O enredo do filme em questão, mostra o pesquisador americano Dennis Allan (Bill Pullman) que viaja até Porto Principe (no HAITI) em busca de uma droga que teria o poder de ressuscitar os mortos. Chegando ao exótico país, o cientista irá se deparar com muito vodu e magia negra ( retratados dentro dos limites de um filme de terror COM MUITO RESPEITO E REALISMO A RELIGIÃO AFRICANA), além de um sinistro tirano que se utiliza de forças sobrenaturais para consolidar seu poder.

Por falar em vodu e magia negra, o tema parecia estar na moda naquela época, pois no mesmo ano foi produzido o filme “Coração Satânico”, com Robert De Niro, que também aborda o assunto.

Vale ressaltar que o filme é cheio de bons momentos, como a seqüência na Amazônia, no início, as angustiantes cenas de torturas, a passagem em que o cientista é “morto e enterrado”, as constantes imagens de pesadelos, e o confronto final, muito bem bolado. Além disso, os filmes de Craven sempre vêm acompanhados de críticas sociais “camufladas” em meio ao roteiro, mas aqui isso fica bem explícito, através do destacado regime ditatorial que impera no país ( O Ditador REAL 'Papa Doc' e seu filho eram conhecidos por torturarem desafetos e por serem fanaticos por Magia Negra e Vudo, inclusive na vida real ate hoje, o argumento de ditadores desumanos, justifica na visão americana a miseria no HAITI, e a ocupação militar da potencia no país já na decada de 20,detalhes que só tornam mais interessante o filme de Wes Craven).


Em resumo, “A Maldição dos Mortos-vivos” é um ótimo filme, que apresenta uma interessante variação no tema “zumbi”, e ainda tem o mérito de ser o filme que mais respeita as religiões africanas de Vodu e zumbificação, comparado logicamente a todas as outras produções semelhantes, e com exageros. Sem dúvida, vale a pena ser assistido, tanto pela maneira inteligente com que a religião é tratada dentro do contexto de filme de terror, quanto pelo fato, de como disse, ser o filme americano mais conhecido sobre o país que hoje INFELIZMENTE passa por uma desgraça bem maior do que o semi-ficticio tirano que controlava os mortos.





Obviamente tive que rever o filme depois de todo esse tempo poder escrever melhor, porem, mesmo depois de vinte anos literais, o filme ainda estar na minha memoria por 2 cenas: o pó que ressucita a galinha, e o 'cirio' catolico-vodu, explicado e detalhado pela guia turistica do protagonista (esse cena especifica e seu dialogo poderia muito bem servir para descrever a Bahia por exemplo). Enfim, são dois momentos bem legais, e junto com a já comentada critica social mostram que mesmo filmes de terror podem ter cultura.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ATIVIDADE PARANORMAL ( 2009, EUA).





Um jovem casal de classe média se muda para o que parecia uma típica casa de subúrbio. Tudo parece bem até que começam a ser incomodados pela presença de um ser demoníaco que age principalmente durante a noite, enquanto eles dormem. Escrito e dirigido pelo estreante Oren Peli, o filme, rodado em 2007 e segundo o próprio baseado em suas próprias experiências quando se mudou de casa e passou a ouvir estranhos barulhos. Filmes de terror, filmados ao estilo ‘câmera amadora’, ou falso documentário, não são novidades, o italiano CANNIBAL HOLOCAUSTO foi teoricamente o pioneiro, BRUXA DE BLAIR, o mais barato, rentável e famoso, REC e DIARIO DOS MORTOS, misturaram zumbis ao estilo, e por fim CLOVERFELD foi o mais caro, e também um dos mais originais, por colocar tantos efeitos especiais (bons diga-se de passagem), como monstros gigantes e destruição de prédios em um filme cuja a proposta é de ser uma filmagem com câmera amadora. Em Atividade Paranormal, a idéia de filmagem amadora, e caseira é bem explorada, e não há o tom de falso documentário, o que justifica o ódio da critica e sucesso de público, afinal estamos falando de um filme, sem trilha sonora, efeitos especiais, maquiagem, etc, o público por outro lado, a maioria pelo menos, comprou a idéia de filmagem amadora de fenômenos paranormais, e gostou, conforme os números de bilheteria comprovam. Vale ressaltar que, apesar do objetivo principal do filme ser mostrar os fenômenos, ainda temos um pouco de historia, não concluída, e nem explicada, tal como em Bruxa de Blair, o que entre outras coisas gera teorias, versões, discussões... Afinal filmes caseiros ou amadores com 15 mil dólares são feitos com uma freqüência assustadora em todo o mundo, porem, levar um deles, ate salas de cinema do mundo inteiro, fora de festivais, é mais difícil, e exige entre outros fatores, uma carga considerável de talento. Como nem tudo são flores, há pontos negativos, são eles: Mesmo hoje, onde as pessoas filmam as situações mais corriqueiras e bobas, o casal exagera em alguns momentos, como filmar imagens da própria filmagem que já estão no computador do casal, e algumas briguinhas, outro problema são os pontos errados de edição, ou cortes sem muito critério, pois a filmadora fica ligada uns 20 segundo em uma cena sem ação, em outras cenas em que deveria haver à continuidade da ação, em função da idéia de filmar tudo, a filmagem é bruscamente editada. A conclusão, é que o filme é extremamente não recomendável, para pessoas que buscam o bom entretenimento de uma produção rica em detalhes técnicos e ate mesmo artísticos, mas totalmente obrigatório para quem gosta de festivais de cinema, quer aprender ou fazer filmes independentes, com poucos recursos, ou simplesmente curte as filmagens caseiras do Youtube.