Nesta refilmagem o garoto de 12 anos Owen (Kody Smit McPhee) é solitário, seus pais são divorciados, ele não tem amigos, e ainda sofre com os meninos da escola que vivem brigando com ele. Quando uma menina de 12 anos chamada Abby (Chloe Moretz) se muda para seu prédio, Owen passa a acreditar que ela possa ser sua amiga, mas há um alto preço a ser pago pela amizade de Abby, já que ela não é uma menina comum.
Dado
o grau de elogios, e criticas positivas que o filme original pode ( e
conseguiu) arrecadar, tentarei ser o mais sucinto possível. “Deixa Ela
Entrar ( Suécia, 2008)” é uma produção maravilhosa, que trata do
vampirismo de uma forma poética, romântica e ingênua, fazendo uso do mito de
uma criatura feroz e imortal como metáfora da inocência, das descobertas do
corpo, do início dos relacionamentos dos pequenos, quando estes passam da fase
das brincadeiras infantis para o encontro com o sexo oposto. Ainda assim,
conseguiu mesclar toda essa poesia e linguagem sutil com um horror absoluto,
cru e quase visceral. Na trama, o jovem introvertido Oskar (Kåre
Hedebrant) sofre de bullyng na escola onde estuda, enquanto cultiva
uma paixão prematura com a bela Eli (Lina Leandersson),
uma estranha vizinha com hábitos noturnos que chegou para mudar sua vida por
completo. Há algumas referências ao homossexualismo e a pedofilia, seja na
figura da “menina sem sexo” ou na do guardião de Eli,
mostrando que uma obra clássica é aquela que possui várias leituras.
Sobre as refilmagens americanas atuais de filmes de terror, bem, lembro que postei um parágrafo introdutório em uma resenha de SEXTA-FEIRA 13(2010) que em linhas gerais dizia que, as refilmagens geralmente seguem três linhas, ou pensamentos, no primeiro o diretor-roteirista pega apenas o argumento do filme original, e cria uma versão autoral, ou nova, no segundo caso ele mesclar o melhor do original, com novas idéias ou atualizações, e no terceiro caso ele faz uma refilmagem quadro-a-quadro modificando apenas alguns detalhes, e é justamente essa terceira linha que o filme em analise segue na maior parte do tempo, o problema é que os ‘detalhes’ simplificam e modificam justamente os protagonistas. Isso, para o escritor desta resenha é um problema, pois temos um bom filme, simplesmente porque o original é ótimo, e não necessariamente por mérito dos realizadores da refilmagem.
O diretor Matt Reeves, que possui o original e excelente “CLOVERFIELD - MONSTRO”, em seu currículo, aparece aqui seguindo o mesmo roteiro da versão sueca, mas com um foco diferente, enfatizando o envolvimento dos personagens, e focando na paixão infantil e pura dos dois protagonistas.
Sem
duvidas, como era esperado, Chloe Moretz demonstra todo o seu talento em um
filme cuja personagem central parece ter sido feita sob medida para ela,
matura, com rosto de criança, e seu talento habitual, a pequena atriz torna a
personagem carismática e interessante, alem de conseguir criar uma ótima
química com Kodi Smit-McPhee, apesar dos efeitos especiais em CG quase
destruírem todo o seu bom trabalho.
O ponto negativo do filme é como já disse os detalhes, que tiram todo suspense psicológico que o filme original tinha, e tornam a garota que no sueco é um ‘monstro’ sutil, com aparência de criança, em um monstro literal, com aparência de monstro e irritantes grunhidos de bicho. Isso para não comentar da humanização excessiva de Owen, pois no original vemos que o garoto possui certas tendências psicóticas, ou homicidas. O guardião de Abby também é modificado, no original sua origem e suas motivações são totalmente especulativas, já aqui, uma foto revela o seu mistério, por fim, tem a cena final na piscina, que no original é bem mais chocante por acontecer num cenário claro, e não no escuro como nesta refilmagem, isso tudo para não comentar da sexualidade da protagonista, pois, se no original, ela já era abordada de forma altamente sutil, neste filme sequer é abordado tal tema. As demais diferenças são detalhes inexpressivos que em nada modificam a historia.
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